O DIA DA FARSA DA INVENÇÃO DA RODA NO SÉCULO XXI
Durante os meus trinta e seis anos na educação presenciei diversos projetos que foram apresentados, implantados e desapareceram.
Todos prometiam “arrumar a educação brasileira”, o livro verde, a escola padrão, os CIEPs, os CAICs, as PEIs e por aí vai. Todos com uma característica comum de ser pontual, melhor dizendo, localizada.
Neste tempo todas as “soluções” nunca são para todos; têm sempre o caráter experimental e morrem antes de atingir a totalidade da educação.
Ainda espero o dia que um projeto de educação seja pensado, projetado e implantado para a totalidade dos educandos e educadores.
Voltando ao grande dia 05/05/2021, foi apresentado um novo projeto em audiência pública virtual sobre o Programa Escola Cívico Militar, com transmissão ao vivo pela PMSV.
Alguém recebeu uma iluminação qualquer, olhou para a educação e determinou que o grande problema da educação é a falta de disciplina.
E foi além, apresentou como solução colocar militares dentro da escola pública, atestando a incompetência dos professores, dos diretores e do próprio sistema de educação.
Enxergou que a segurança pública deve tomar conta das crianças, dos professores e da gestão da educação.
Durante a audiência, as explicações revestidas com uma capa democrática, afirmava categoricamente que o projeto só seria implantado se a comunidade aprovasse e que os militares seriam “somente” assessores da administração escolar.
Entretanto, ao confrontarmos com os documentos do tal projeto, decretos e manual expedidos pelo MEC, o contraditório apareceu. Ficou claro, em determinado momento da audiência pública, que o que o apresentador falava não estava escrito no decreto e no manual.
Deixou claro a intenção de convencimento e após a instalação, segue o que está escrito. Diante isso, podemos concluir que este projeto é fundamentado em mentiras, além de ser superficial e excludente, trata a consequência sem resolver a causa.
Vi alguns comemorando a implantação de uma escola cívico militar em um município que possui sessenta e uma escolas (61) e cinquenta e duas creches (52), como se isto fosse fazer toda a diferença na rede.
Não quero, aqui, desqualificar quem apoia, mas pelo que já vi ao longo da minha carreira nada vai mudar para todos.
Nestes anos as únicas coisas que são permanentes para todos os alunos em educação, são os professores, giz lousa e apagador. Até o PNLD, começa a dar sinais de insuficiência.
Os problemas da educação brasileira não podem ser resolvidos de maneira pontual, nem atacar consequências com intervenções cirúrgicas, como o que propõe as PCIMs.
Salários, carreira, formação, estrutura de pessoal, estrutura física das escolas, manutenção, tecnologia e investimento.
Estes são os nossos problemas que, se resolvidos, trariam qualidade, disciplina e cidadãos capazes de transformar a sociedade brasileira.Deixou claro a intenção de convencimento e após a instalação, segue o que está escrito.
” SE OS RECURSOS FOSSEM APLICADOS COM MAIS QUALIDADE, FARIAM DIFERENÇA!”
Roberto Ciccarelli
Presidente do Sintramem
O que você narrou em seu texto, amigo, é a nossa voz que não quer calar a injustiça que está sendo feita a todos nós educadores e em especial, àqueles que estão em formação: os maiores prejudicados.